– Aquele homem não vai morar conosco! Não vai! E eu não quero saber mais de conversas sobre isso! Não confio nele! Ele não presta, não presta! Eu vejo isso quando olho no olho dele! Mãe, por favor, não me faça uma coisa dessas!
Os garotos, que estavam assistindo televisão na casa de Greenway, pararam imediatamente assim que ouviram os berros de Hayley vindos da cozinha. Eles vieram para onde ela estava e sentaram-se ao redor da mesa da mesa de jantar, espectando a conversa pelo telefone. Ela pedia, implorava, mas parecia que suas palavras não surtiam efeito, pois a mesma ladainha perdurava.
– Você está com ciúmes de mim! – Retrucou sua mãe, sem dar o mínimo de atenção ao que Hayley dizia. – E além do mais, eu sou sua mãe, caso você tenha esquecido, não é você que é a minha, então pare de gritar desse jeito! E também, toda a minha vida eu criei você sozinha, praticamente. Seu pai, aquele irresponsável, nunca serviu pra nada! Maldito! – Fez uma pausa. – Escute aqui: – continuou ela, alterando bruscamente o tom da voz. – eu liguei pra te avisar, não para pedir sua opinião! Eu sou adulta e eu decido a minha vida!
Hayley ficou muda com as últimas palavras de sua mãe. Não tinha argumentos contra aquilo. Percebeu também um outro lado de sua mãe que não via a muito tempo. O relacionamento entre as duas estava tão equilibrado, e a Sra. Jonas estava tão humilde em suas ações, nunca mais havia tomado nenhuma decisão antes de consultá-la. Era difícil pra Hayley vê-la com essa postura tão autoritária... e de imediato entendeu o recado. Sentiu-se tão pequena que nem ao menos quis terminar a conversa, e pôs o telefone lentamente no gancho. Nem mesmo um “tchau” ela disse, nem alguma palavra de despedida. Jeremy, Zac e Josh começaram a perguntar o que havia acontecido, quem havia ligado pra ela... mas o silêncio pairou no ar e ela não respondeu nenhuma das perguntas. Caminhou até a sala de estar sentou-se no sofá com a cabeça levemente reclinada sobre o encosto. Logo uma lágrima desceu, seguida de outra e mais outra... Jeremy ainda quis ir até onde ela estava para tentar consolá-la, mas os outros dois o impediram.
– Ela vai ficar bem, – assentiu Josh – deixe apenas que fique um tempo a sós com seus pensamentos.
E realmente era isso que ela queria: ficar sozinha.
Hayley estava em um conflito interno. Não queria que sua mãe aceitasse aquele homem na casa, mas sentia que ao mesmo tempo que não concordava com a decisão dela estava sendo injusta com os sentimentos dela. Então, o que poderia fazer? Que decisão tomaria? Por enquanto, nenhuma. Não havia nada a ser feito. Foi como sua mãe disse: aquilo foi apenas um comunicado, a decisão já foi tomada. Mas uma coisa a deixava extremamente inquieta! Seu sexto sentido apitava mais do que nunca.
Bem longe dali, sentada também no sofá da sua casa estava a Sra. Myle Lee Jonas, e, não parecia menos deprimida do que sua filha. Sentia-se um pouco arrependida por ter dito coisas tão severas a ela, e ainda mais por telefone. Ela ficou imaginando como Hayley tinha reagido, como estava se sentindo naquele instante, depois daquela discussão. Pensou em ligar de novo. Até discou o número, mas não deixou que chamasse, e pôs o telefone novamente onde ele estava. Shad Oliver estava na casa, lá em cima, se arrumando para ir ao trabalho. Uma boa parte de suas roupas e objetos pessoais já estavam lá, teria os trazido no mesmo dia em que Myle declarara sua postura de aprovação quanto a morarem juntos. Já ela continuava sentada, e pensava agora na sorte que teve por ter encontrado um homem tão bom pra ela e, com certeza, sua filha veria isso nele também assim que o conhecesse melhor. No instante em que ela pensava nisso, Shad descia as escadas. Ela levantou-se, e os dois cruzaram a porta da cozinha juntos. Ele até a surpreendeu com um abraço por trás e um beijo na sua nuca. Ambos sorriram alegremente.
– Ai, querido. Eu acabei de falar com a Hayley sobre sua vinda para cá e ela reagiu tão mal... então não ligue pra qualquer besteira que ela disser quando voltar para casa – disse voltando a sua expressão de preocupação habitual.
– Isso é perfeitamente normal – respondeu ele. – Geralmente isso sempre acontece com as crianças quando sua mãe ou pai decidem morar com outra pessoa. Comigo mesmo isso já aconteceu. Meu pai se divorciou e eu fiquei morando com ele. Depois de um tempo ele se casou novamente e eu fiquei com muitos ciúmes. Mas depois de um tempo eu me acostumei e acabei até gostando dela.
– Eu também penso da mesma forma... mas ao mesmo tempo, acho tão estranho vê-la assim, porque nunca foi seu gênio agir dessa forma. – Myle punha a comida no prato do seu novo companheiro, que já se encontrava sentado na mesa esperando-a.
– Para tudo tem a sua primeira vez, não é? – E engoliu uma colherada. – Hum! Isso está muito bom!
Shad não se preocupava nem um pouco se a filhinha mimada de Myle estava com “dor de cotovelo” ou não. Seria até melhor que ela ficasse aborrecida e, quem sabe, resolvesse “dar o fora”... nunca tinha gostado dela mesmo, desde a primeira vez que a vira... aqueles olhos castanho e enormes... malditos olhos... fitavam-no com tanta desconfiança, como se pudessem ver sua alma e tudo o que era por dentro. “Malditos olhos”, repetia ele consigo mesmo, enquanto abria um fingido sorriso à Myle. Ela sempre gostou de sorrisos e elogios e ele nunca se importou de compartilhar isso. Sabia que seria feliz com ela. A amava, não tinha dúvidas quanto a isso. Mas Haia uma coisa naquela casa que o impelia: a presença daqueles olhos, o encarando, o expulsando. Realmente, aquilo seria um problema, e ela faria de tudo para solucioná-lo.
23 de nov. de 2008
21 de nov. de 2008
Capitulo 56: As peripécias de Ana, final.
Pensando ter se livrado da tensão que sentia, Ana agora se concentrava apenas em sua tristeza. Pena que estava sozinha. Não havia ninguém com quem pudesse desabafar ou contar o que se passava na sua cabeça. Então, preferiu-se a si mesma, “vai ser assim daqui pra frente”, pensou ela. E naquele momento em que caminhava pela Boulevard Avenue, lugar muito movimentado por ser o centro comercial da cidade, Ana se deparou com uma vitrine, e parou. Não pense que ela observava alguma coisa dentro da loja; não, pelo contrário. O que chamou a atenção dela foi seu reflexo que resplandecia no vidro escuro. Ela observou-se a si mesma, cada parte do seu corpo. Não era uma garota bonita, daquelas que você olha e sente desejo. Não estava vestindo algo ilustre ou grã-fino, e nada nela passava algum resplendor ou exuberância. Nem maquiagem passou no rosto, e seu cabelo estava preso a um rabo de cavalo simples. “Realmente eu não pareço nada de mais”, pensou, e se distanciou de si mesma, ou, do seu reflexo a que se prendia. Não caminhou nem dez passos direito, ou pelo menos não percebeu o quanto tinha percorrido, e viu um casal de namorados sentados no silencioso e doce escuro da noite. Os dois se aqueciam em um abraço caloroso, apaixonado. O beijo saiu pouco antes que Ana desviasse o olhar.
– Eu não nasci pra ser desejada, nem muito menos pra se amada... – disse ela, mais para si mesma. E começou a lembrar do porque que estava pensando dessa forma. De todas as garotas que ela já vira, exceto ela, já tiveram algum de tipo de relacionamento com alguém, sério ou não, e até mais de um, enquanto que Ana nunca havia sabido o que era paixão recíproca.
Mas para ela, isto quase não importava mais, quase não fazia diferença alguma... não! Definitivamente não fazia! Talvez nem tivesse culpa por pensar assim, por ser assim. O mundo a havia construído daquela forma. Seus pais, por exemplos, nunca se entenderam, sua mãe vivia reclamando da vida a dois. Seu pai nem dera alguma consideração que fosse para ninguém, sem falar nos ostros parentes, e nos pais dos amigos era quase a mesma história. Tinham também algumas amigas que suas que nunca demonstraram um pingo de satisfação com seus namorados ou ficantes, sempre apareciam com algum caso de desamor pra contar. Os poucos amigos que Ana tinha, nem um ficava com uma menina por mais de uma semana.
– Creio que não estaria diferente deles se encontrasse alguém que me quisesse – sussurrou ela mais uma vez, enquanto prosseguia caminhando na escuridão da noite.
Uma franca neblina começara a se formar e Ana sentiu-se um pouco aflita. Pensou em correr um pouco, mas não precisava. Sua casa já estava próxima, muito próxima. Quase poderia vê-la se não fosse pela neblina que a cada segundo se tornava mais espessa.
Quando se posicionou em frente à porta de entrada, Ana ficou com medo se deveria ou não entrar. Continuou parada por alguns minutos, a mão na maçaneta. Abrir ou não abrir? Não. Ela deu meia volta.
– Tive uma idéia.
Lembrou-se de um pequeno comercio próximo a sua casa, daqueles vinte e quatro horas. Examinou os bolsos. Não tinha muito dinheiro, mas era o suficiente. Previu que sentiria fome de madrugada e comprou algo para comer... fez isso mesmo, mas só depois de comprar alguma outra coisa antes. Algo pessoal, secreto, importante. Logo em seguida pagou a conta e voltou para casa. Subiu logo para o seu quarto. Nem se preocupou de olhar se sua mãe e pai haviam chegado, ou se não, ou se estavam transando no banheiro, como sempre faziam depois de uma semana inteira de discussões desnecessárias. Nada, nada importava. Olhou para o relógio na parede, 23h05min. “Não é tarde”, pensou. Em seguida jogou a sacola de compras em cima da cama e tirou o que mais importava de dentro dela. Abriu-o, examinou-o; puxou a caneta que guardava no bolso e rabiscou algumas palavras: “A primeira de muitas crônicas que escreverei durante a minha vida”.
(...)
Era uma sexta-feira perfeita. Todo o trabalho prazeroso no estudo estava de bom à melhor. Hayley nunca aprendera tanto em tão pouco tempo. E de tudo o que viveu durante aqueles dias, lembrou-se das passagens mais cômicas e cabulosas, como a primeira vez que ouviu sua própria voz gravada. Nunca em toda a sua vida havia rido tanto de si mesma! Preferia dez mil vezes ouvir uma arara cantando no seu lugar. Isso sem falar no Bryan! Um cara “doido”, preguiçoso e comilão. Ele era o desastre em pessoa! O café cai em cima da mesa de som; a energia acaba devido a um curto circuito causado por um abajur da Madonna que ele tratava de manter aceso o dia inteiro; um gato que ninguém sabe como entrou lá se enrosca todo nos cabos do microfone; isso tudo sem falar nas dezenas de objetos que escapam das mãos dele e se espatifam pelo assoalho. Concluindo: nunca vira pessoa mais desastrada, e mais engraçada. E tudo era assim, só alegria, tirando, é claro, alguns contratempos, mas nada de tão preocupante.
À tarde, em meio a uma seção de violão com seu amigo Josh, o telefone toca e Hayley vai atender. Sorte que era pra ela.
– Hayley? É você minha filhinha?
– Sim. Sou eu mãe. Algum problema?
Já fazia quase uma semana que ela estava em Nashville e sua mãe ainda não havia ligado nem uma vez, por isso Hayley se assustou um pouco ao ouvi-la assim de repente, ainda com diminutivos. E estranhou mais ainda o fato dela ter respondido sua pergunta tão desconcertadamente.
– Não! Claro que não! Por que estaria com algum problema? De onde você tirou isso? O que andaram te contando?
– Ninguém me falou nada não – disse ela, e fez uma longuíssima pausa. Suficiente para que sua mãe contasse o que queria contar. Era simples assim, vencida pelo constrangimento.
– Não adianta, querida! – exclamou – Não quero que você tenha surpresa maior ao voltar para casa. Eu preciso contar tudo de uma vez, não podemos esconder nada uma da outra! – Era incrível como até por telefone sal mãe conseguia ser dramática. – Então vou falar, não posso deixar que você...
– Mãe! Fala logo de uma vez o que é, pelo amor de Deus, que eu já tô ficando irritada com essa ladainha!
– Pois então está bem, já que você insiste... o Shad vai morar conosco agora.
Hayley segurou-se ao cabo do telefone de uma forma que quase o arrancou!
– Como é que é?!
– Eu não nasci pra ser desejada, nem muito menos pra se amada... – disse ela, mais para si mesma. E começou a lembrar do porque que estava pensando dessa forma. De todas as garotas que ela já vira, exceto ela, já tiveram algum de tipo de relacionamento com alguém, sério ou não, e até mais de um, enquanto que Ana nunca havia sabido o que era paixão recíproca.
Mas para ela, isto quase não importava mais, quase não fazia diferença alguma... não! Definitivamente não fazia! Talvez nem tivesse culpa por pensar assim, por ser assim. O mundo a havia construído daquela forma. Seus pais, por exemplos, nunca se entenderam, sua mãe vivia reclamando da vida a dois. Seu pai nem dera alguma consideração que fosse para ninguém, sem falar nos ostros parentes, e nos pais dos amigos era quase a mesma história. Tinham também algumas amigas que suas que nunca demonstraram um pingo de satisfação com seus namorados ou ficantes, sempre apareciam com algum caso de desamor pra contar. Os poucos amigos que Ana tinha, nem um ficava com uma menina por mais de uma semana.
– Creio que não estaria diferente deles se encontrasse alguém que me quisesse – sussurrou ela mais uma vez, enquanto prosseguia caminhando na escuridão da noite.
Uma franca neblina começara a se formar e Ana sentiu-se um pouco aflita. Pensou em correr um pouco, mas não precisava. Sua casa já estava próxima, muito próxima. Quase poderia vê-la se não fosse pela neblina que a cada segundo se tornava mais espessa.
Quando se posicionou em frente à porta de entrada, Ana ficou com medo se deveria ou não entrar. Continuou parada por alguns minutos, a mão na maçaneta. Abrir ou não abrir? Não. Ela deu meia volta.
– Tive uma idéia.
Lembrou-se de um pequeno comercio próximo a sua casa, daqueles vinte e quatro horas. Examinou os bolsos. Não tinha muito dinheiro, mas era o suficiente. Previu que sentiria fome de madrugada e comprou algo para comer... fez isso mesmo, mas só depois de comprar alguma outra coisa antes. Algo pessoal, secreto, importante. Logo em seguida pagou a conta e voltou para casa. Subiu logo para o seu quarto. Nem se preocupou de olhar se sua mãe e pai haviam chegado, ou se não, ou se estavam transando no banheiro, como sempre faziam depois de uma semana inteira de discussões desnecessárias. Nada, nada importava. Olhou para o relógio na parede, 23h05min. “Não é tarde”, pensou. Em seguida jogou a sacola de compras em cima da cama e tirou o que mais importava de dentro dela. Abriu-o, examinou-o; puxou a caneta que guardava no bolso e rabiscou algumas palavras: “A primeira de muitas crônicas que escreverei durante a minha vida”.
(...)
Era uma sexta-feira perfeita. Todo o trabalho prazeroso no estudo estava de bom à melhor. Hayley nunca aprendera tanto em tão pouco tempo. E de tudo o que viveu durante aqueles dias, lembrou-se das passagens mais cômicas e cabulosas, como a primeira vez que ouviu sua própria voz gravada. Nunca em toda a sua vida havia rido tanto de si mesma! Preferia dez mil vezes ouvir uma arara cantando no seu lugar. Isso sem falar no Bryan! Um cara “doido”, preguiçoso e comilão. Ele era o desastre em pessoa! O café cai em cima da mesa de som; a energia acaba devido a um curto circuito causado por um abajur da Madonna que ele tratava de manter aceso o dia inteiro; um gato que ninguém sabe como entrou lá se enrosca todo nos cabos do microfone; isso tudo sem falar nas dezenas de objetos que escapam das mãos dele e se espatifam pelo assoalho. Concluindo: nunca vira pessoa mais desastrada, e mais engraçada. E tudo era assim, só alegria, tirando, é claro, alguns contratempos, mas nada de tão preocupante.
À tarde, em meio a uma seção de violão com seu amigo Josh, o telefone toca e Hayley vai atender. Sorte que era pra ela.
– Hayley? É você minha filhinha?
– Sim. Sou eu mãe. Algum problema?
Já fazia quase uma semana que ela estava em Nashville e sua mãe ainda não havia ligado nem uma vez, por isso Hayley se assustou um pouco ao ouvi-la assim de repente, ainda com diminutivos. E estranhou mais ainda o fato dela ter respondido sua pergunta tão desconcertadamente.
– Não! Claro que não! Por que estaria com algum problema? De onde você tirou isso? O que andaram te contando?
– Ninguém me falou nada não – disse ela, e fez uma longuíssima pausa. Suficiente para que sua mãe contasse o que queria contar. Era simples assim, vencida pelo constrangimento.
– Não adianta, querida! – exclamou – Não quero que você tenha surpresa maior ao voltar para casa. Eu preciso contar tudo de uma vez, não podemos esconder nada uma da outra! – Era incrível como até por telefone sal mãe conseguia ser dramática. – Então vou falar, não posso deixar que você...
– Mãe! Fala logo de uma vez o que é, pelo amor de Deus, que eu já tô ficando irritada com essa ladainha!
– Pois então está bem, já que você insiste... o Shad vai morar conosco agora.
Hayley segurou-se ao cabo do telefone de uma forma que quase o arrancou!
– Como é que é?!
19 de nov. de 2008
Capitulo 55: O peladinho, quer dizer, caderninho
– Quer me explicar o que significa isso, Josh?!
Hayley estava aparentemente zangada. Ela exibia o caderninho preto, erguendo-o sobre o ombro. Em sua mente, mesmo antes de seu amigo falar qualquer coisa, ela visualizara toda uma cena: ele, de alguma forma, descobriu que sua namorada (ou ex-namorada) Janet escrevia poesia e resolveu saqueá-la para usar sua arte em benefício próprio. Ou pior! Janet, coitada, iludida, achou que tinha encontrado o homem da sua vida e deu de presente a ele toda a criação de uma vida inteira. Como os homens são totalmente insensíveis e não tem um pingo de respeito pelos sentimentos de ninguém, Josh resolveu que iria usar as músicas que ela criou para incorporá-las ao repertório da banda, afinal “deu, tá dado”.
O irmão dele, Zac, estava do lado de Hayley e também esperava uma resposta imediata! Não deixaram nem que ele vestisse uma roupa e tirasse a toalha molhada. Tinha de ser agora! E ele parecia muito aturdido, coitado. Não sabia se contava a verdade ou não. Se contasse, achariam que ele estava louco, se não, pensariam que ele era um cretino que só queria se aproveitar da criatividade da menina. Por fim, resolveu abrir o jogo de uma vez por todas e contar tudo. Mesmo que talvez eles não entendessem.
– Tudo bem, eu vou contar – disse Josh, com voz trêmula. – Eu não fiz isso por querer, gente. Alguém me obrigou.
– Te obrigou, te obrigou... como assim “te obrigou”?! Eu pensei que você gostasse da garota, daí você faz uma coisa dessas e vem dizer que alguém te obrigou?! Como você pode ser tão cínico?! – Bem que Hayley queria um vaso de flores bem grande pra jogar na cabeça do Josh! – É melhor você explicar essa história direito, meu querido. Sem rodeios, por favor. Diga de uma vez quem foi que te obrigou a fazer uma coisa dessas?
Josh pensou. Deveria mesmo falar? Hayley com certeza não iria entender quando ele dissesse quem o obrigara, mas seu irmão veria na hora!
– Quem me obrigou – disse ele – foi a Any.
– Any, Any... quem diáboa é essa Any?! Quer dizer que além de trair sua namorada com essa tal de Any, ela ainda te obriga a roubar coisas? Que espécie de monstro ela é?! – Hayley parou para respirar um pouco e olhou a cara de espanto com que Zac estava. Os dois irmão estavam calados e pareciam entender tudo o que estava acontecendo, logo, elqa exigiu uma explicação. Dessa vez foi Zac que se pronunciou.
– Hayley... Any faleceu há cinco anos.
Ela riu rispidamente.
– Vocês só podem estar brincando, né? Não vão me dizer que acreditam nessa história de vida após a morte! Fui cristã durante a minha vida toda e sei muito bem que esse negócio não existe. Josh – disse ela, já mudando o tom de voz irritado para um calmo e atencioso – de que forma você acha que essa Any te obrigou a fazer isso?
– Eu vou ser franco em dizer, Hayley – disse ele encostando-se na parede ao seu lado com o ar muito deprimido – ultimamente tenho tido muitos pesadelos, quase toda noite, e em todos eles Any aparece. De alguma forma ela tenta me obrigar a fazer certas coisas, dizendo que se eu não assentir com sua vontade, fará com que tudo dê errado na minha vida! E o pior é que ela e Janet se parecem muito! Eu simplesmente não consigo mais olhar nos olhos da minha namorada, Hayley, eu tenho medo!
– Calma, calma... também não é preciso se desesperar – disse ela, ao ver que seu amigo realmente estava passando por algo muito complicado e seu desespero era aparente. – Olha Josh, presta atenção ao que eu vou te dizer: pessoas mortas não se comunicam com os vivos. O corpo e o espírito estão juntos, mas quando se separam o “eu” deixa de existir. Como você disse que Any e sua namorada são muito parecidas fisicamente, ao vê-la todos os dias, você deve estar fazendo uma imagem mental de Any e isso deve estar se refletindo em seu subconsciente. O que você precisa fazer é se livrar dessa memória intrusa que você criou procurando lutar contra isso. Você vai ver que em pouco tempo vai deixar de ter esses pesadelos. – Hayley sempre gostou muito de psicologia e pensou que se a Carrera de cantora não desse certo, com certeza tentaria seguir como psicóloga.
– Eu sei, Hayley. Você tem toda razão – concordou Zac, que até então era apenas expectador do diálogo. – Você – disse, se dirigindo para Josh – tem que se libertar dessa lembrança. Eu sei que não é fácil resolver esse tipo de problema, mas você sabe que nós estamos aqui para te ajudar no que precisar.
Os três ainda estavam conversando quando Aurora entrou no quarto para chamá-los ao café da manhã e não gostou nem um pouco de ver um de seus hóspedes circulando só de toalha pelo cômodo. Josh que estava tão concentrado na conversa, provavelmente assustou-se quando Aurora apareceu e por acidente, soltou um pouco a toalha que caiu até sua canela! Os três só conseguiram ouvir o grito feminino que se estendeu pelo menos por dois quarteirões! E ela saiu correndo pela casa toda depois disso.
Hayley e Zac passaram a manhã quase toda rindo! Era incrível como uma conversa poderia começar com um assunto tão sério e terminar com uma situação tão cômica e constrangedora!
Meia hora depois de tudo isso, Aurora ainda estava pálida, mas com os nervos muito mais controlados. Todos tomavam café agora... todos calmos, e o mais importante: todos vestidos! Jeremy não entendeu nada do por que daquele estresse todo, mas nem tocou no assunto. E ao terminarem de lanchar, o clima tornou-se mais harmonioso e antes de sair pra o estúdio, tudo mundo resolveu dar um abraço em Greenway. Todo mundo, menos o Josh.
Hayley estava aparentemente zangada. Ela exibia o caderninho preto, erguendo-o sobre o ombro. Em sua mente, mesmo antes de seu amigo falar qualquer coisa, ela visualizara toda uma cena: ele, de alguma forma, descobriu que sua namorada (ou ex-namorada) Janet escrevia poesia e resolveu saqueá-la para usar sua arte em benefício próprio. Ou pior! Janet, coitada, iludida, achou que tinha encontrado o homem da sua vida e deu de presente a ele toda a criação de uma vida inteira. Como os homens são totalmente insensíveis e não tem um pingo de respeito pelos sentimentos de ninguém, Josh resolveu que iria usar as músicas que ela criou para incorporá-las ao repertório da banda, afinal “deu, tá dado”.
O irmão dele, Zac, estava do lado de Hayley e também esperava uma resposta imediata! Não deixaram nem que ele vestisse uma roupa e tirasse a toalha molhada. Tinha de ser agora! E ele parecia muito aturdido, coitado. Não sabia se contava a verdade ou não. Se contasse, achariam que ele estava louco, se não, pensariam que ele era um cretino que só queria se aproveitar da criatividade da menina. Por fim, resolveu abrir o jogo de uma vez por todas e contar tudo. Mesmo que talvez eles não entendessem.
– Tudo bem, eu vou contar – disse Josh, com voz trêmula. – Eu não fiz isso por querer, gente. Alguém me obrigou.
– Te obrigou, te obrigou... como assim “te obrigou”?! Eu pensei que você gostasse da garota, daí você faz uma coisa dessas e vem dizer que alguém te obrigou?! Como você pode ser tão cínico?! – Bem que Hayley queria um vaso de flores bem grande pra jogar na cabeça do Josh! – É melhor você explicar essa história direito, meu querido. Sem rodeios, por favor. Diga de uma vez quem foi que te obrigou a fazer uma coisa dessas?
Josh pensou. Deveria mesmo falar? Hayley com certeza não iria entender quando ele dissesse quem o obrigara, mas seu irmão veria na hora!
– Quem me obrigou – disse ele – foi a Any.
– Any, Any... quem diáboa é essa Any?! Quer dizer que além de trair sua namorada com essa tal de Any, ela ainda te obriga a roubar coisas? Que espécie de monstro ela é?! – Hayley parou para respirar um pouco e olhou a cara de espanto com que Zac estava. Os dois irmão estavam calados e pareciam entender tudo o que estava acontecendo, logo, elqa exigiu uma explicação. Dessa vez foi Zac que se pronunciou.
– Hayley... Any faleceu há cinco anos.
Ela riu rispidamente.
– Vocês só podem estar brincando, né? Não vão me dizer que acreditam nessa história de vida após a morte! Fui cristã durante a minha vida toda e sei muito bem que esse negócio não existe. Josh – disse ela, já mudando o tom de voz irritado para um calmo e atencioso – de que forma você acha que essa Any te obrigou a fazer isso?
– Eu vou ser franco em dizer, Hayley – disse ele encostando-se na parede ao seu lado com o ar muito deprimido – ultimamente tenho tido muitos pesadelos, quase toda noite, e em todos eles Any aparece. De alguma forma ela tenta me obrigar a fazer certas coisas, dizendo que se eu não assentir com sua vontade, fará com que tudo dê errado na minha vida! E o pior é que ela e Janet se parecem muito! Eu simplesmente não consigo mais olhar nos olhos da minha namorada, Hayley, eu tenho medo!
– Calma, calma... também não é preciso se desesperar – disse ela, ao ver que seu amigo realmente estava passando por algo muito complicado e seu desespero era aparente. – Olha Josh, presta atenção ao que eu vou te dizer: pessoas mortas não se comunicam com os vivos. O corpo e o espírito estão juntos, mas quando se separam o “eu” deixa de existir. Como você disse que Any e sua namorada são muito parecidas fisicamente, ao vê-la todos os dias, você deve estar fazendo uma imagem mental de Any e isso deve estar se refletindo em seu subconsciente. O que você precisa fazer é se livrar dessa memória intrusa que você criou procurando lutar contra isso. Você vai ver que em pouco tempo vai deixar de ter esses pesadelos. – Hayley sempre gostou muito de psicologia e pensou que se a Carrera de cantora não desse certo, com certeza tentaria seguir como psicóloga.
– Eu sei, Hayley. Você tem toda razão – concordou Zac, que até então era apenas expectador do diálogo. – Você – disse, se dirigindo para Josh – tem que se libertar dessa lembrança. Eu sei que não é fácil resolver esse tipo de problema, mas você sabe que nós estamos aqui para te ajudar no que precisar.
Os três ainda estavam conversando quando Aurora entrou no quarto para chamá-los ao café da manhã e não gostou nem um pouco de ver um de seus hóspedes circulando só de toalha pelo cômodo. Josh que estava tão concentrado na conversa, provavelmente assustou-se quando Aurora apareceu e por acidente, soltou um pouco a toalha que caiu até sua canela! Os três só conseguiram ouvir o grito feminino que se estendeu pelo menos por dois quarteirões! E ela saiu correndo pela casa toda depois disso.
Hayley e Zac passaram a manhã quase toda rindo! Era incrível como uma conversa poderia começar com um assunto tão sério e terminar com uma situação tão cômica e constrangedora!
Meia hora depois de tudo isso, Aurora ainda estava pálida, mas com os nervos muito mais controlados. Todos tomavam café agora... todos calmos, e o mais importante: todos vestidos! Jeremy não entendeu nada do por que daquele estresse todo, mas nem tocou no assunto. E ao terminarem de lanchar, o clima tornou-se mais harmonioso e antes de sair pra o estúdio, tudo mundo resolveu dar um abraço em Greenway. Todo mundo, menos o Josh.
17 de nov. de 2008
Capitulo 54: As peripécias de Ana [Zac e Hayley], 2ª Parte
Já faziam dois dia que os quatro amigos estavam em Nashville e desde que chegaram lá passaram pouquíssimo tempo descansando na casa da Srta. Greenway. E quando tinham tempo para ficar um pouco na casa, simplesmente dedicaram-se ao máximo a escrever e cantar. Jeremy e Josh se tornaram mais íntimos durante esse tempo, pois antes os dois quase não se falavam. Agora, ficavam o tempo todo discutindo sobre os arranjos, combinando os solos do baixo e da guitarra. Já Hayley se preocupava mais com os vocais, e Bryan ajudava muito na questão dos efeitos, equalização e edição. Nesses e em alguns outros quesitos ele era quem mandava e os outros só obedeciam.
Todos os dias, durante duas semanas, Zac, Josh, Hayley e Jeremy tinham que ir até o estúdio de 8:00 da manhã, e voltavam para casa às 12:00. Quando se encontravam dispostos, o que acontecia sempre, ainda voltavam lá às 15:00 para sair só de 19:00! Nenhum deles se sentia cansado ou achavam o trabalho penoso, pelo contrário. Quanto mais se empenhavam, mais tinham vontade de sobra e energia para dar tudo de si.
A primeira música que gravaram foi Conspiracy e ficou pronta em apenas dois dias! Um tempo recorde devido a todos já terem uma certa prática com ela, e também por terem tocado várias vezes nos ensaios e apresentações.
Naquele dia, uma segunda-feira de manhã, Hayley acordou cedo. Pulou da cama, tomou banho, se arrumou, mas nem tomou café da manhã. Tudo para continuar lendo “As peripécias de Ana”. Em todos os aspectos essa leitura era viciante e envolvente. Achou totalmente inusitada a reação de Ana quando leu a parte em que ela jogou um jarro na televisão. Realmente atrina tinha caprichado na história. Então, Hayley, como não podia perder mais tempo, ajeitou-se em sua cama, pegou o caderninho e tornou a sua leitura.
(...)
Ana calçou suas botas, vestiu sua calça jeans e blusa, pôs um casaco e saiu de casa. Nem se deu ao trabalho de limpar a bagunça que fizera na sala. E nem muito menos se deu ao luxo de ficar mais pensando na vida. Simplesmente saiu de casa. Eram 21:00 horas e o clima da sua cidade estava muito, muito frio. Quase abaixo de zero. Foi o que viu ao dar uma rápida olhada para o termômetro que ficava pendurado perto da porta da frente. “Que se dane, eu gosto do frio”, pensou ela, e depois saiu.
Durantes a sua caminhada solitária, Ana não pode evitar de olhar para trás várias vezes. Estava sozinha na rua e sabia o quanto isso era perigoso. “Não quero perder minha virgindade com nenhum estuprador”, pensou ela e acelerou o passo. Andou tão depressa que quando se tocou, já havia caminhado dois quarteirões. Não estava tão longe do seu destino, pois de onde estava já conseguia ouvir o barulho alto do som.
Um pouco mais adiante encontrou o lugar. Ficava em um prédio na rua Brooklin com a Mells Street, num bairro nada sofisticado e o lugar, pelo visto, era muito menos. Um casal conversava do lado de fora avistou Ana. Ambos estavam bêbados e ficaram rindo dela, porque... bem, pelo mesmo motivo de estarem bêbados: nenhum. Mas ela não deu ouvidos e entrou no lugar, que mais parecia um chiqueiro humano.
Sua amiga Bella a esperava bem perto do balcão. Estava acompanhada de outras duas garotas.
– Mas que diabo essas duas estão fazendo aqui?! – protestou Ana enquanto arrebatava os copos de bebida das mãos de Ruth e Beatrize. Ana as conhecia de vista, mas sabia que elas não poderiam ficar alí.
– Elas disseram que queriam vir, então eu as trouxe – respondeu Bella.– Nada de mais. – e puxou para si outro copo de cerveja.
– Nada de mais?! Essas duas são crianças ainda, acabaram de descobrir o que é menstruação e você diz “nada de mais”?! Pra fora meninas, eu vou chamar um táxi pra levar vocês.
Ana puxou as duas pelo braço, arrastando-as em direção à saída.
– Você não pode fazer isso com a gente! Nossas mãe vão nos matar! – imploravam as duas, enquanto Ana as levava para fora do prédio.
– Não só posso como devo. Táxi!
– Poxa – falou Bella –, elas só queriam se divertir um p...
Infelizmente Bella não conseguiu concluir a frase pôs o punho cerrado de Ana atirou-lhe um soco muito apoiado em seu queixo, e por já ter bebido algumas não conseguiu se equilibrar para revidar e caiu no chão frio da calçada. O casal que estava do lado de fora da festa antes, vibravam com o espetáculo.
– Sua vadia, traiçoeira! – gemia Bella com a mão no rosto e ainda estendida na calçada.
– Isso é pra você aprender a nunca mais trazer crianças a festas. – completou Ana – Eu devia ter acertado um bem no seu olho, mas tive pena de você. E olha... eu sempre quis fazer isso com você!
– Aonde vai sua cadela?! Tá fugindo?! – gritou Bella enquanto sua ex-amiga se distanciava.
– Não vou ficar aqui olhando pra sua cara deformada. – e saiu.
(...)
– Hayley! Hayley! Hayley! – chegou Zac em seu quarto, interrompendo mais uma vez sua leitura.
– Já está tudo O.k.? – perguntou ela, já sabendo do que se tratava.
– Sim! Ele foi tomar banho e deixou o caderno em cima da cama. É a oportunidade perfeita! – disse ele, estalando os dedos várias vezes.
– Fique na porta do banheiro vigiando ele que eu pego o caderno.
Hayley jogou “As peripécias de Ana” em cima da cama em que estava deitada e foi até o quarto onde os garotos dormiam. Na parte de cima da beliche que ele e Zac dormiam estava o caderninho preto, amontoado entre alguns lençóis. Ela puxou-o sorrateiramente. Havia uma porta daquele quarto que dava pro banheiro onde Josh se banhava naquele instante e Zac cumpriu sua parte do trato segurando-a caso ele saísse, mas isso nem foi tão necessário. Josh sempre tomava banhos demorados, ou seja, deu tempo de sobra para tirar o caderno, fugir com ele para o quintal e ainda ler algumas páginas. Eram quase 7:00 da manhã quando eles abriram o caderninho. Ambos não sabiam o que dizer, nem o que pensar. Lá havia escrito algumas poesias, muito bonitas por sinal, e até canções que Josh os mostrara alguns dias atrás.
- Não sabia que o Josh escrevia a tanto tempo.- comentou Hayley. - olha só as datas: 08/07/91, 15/12/94...
- E não escreve. Veja, - Zac apontou para o rodapé da página - tudo está assinado com o nome de Janet Macbridge.
Todos os dias, durante duas semanas, Zac, Josh, Hayley e Jeremy tinham que ir até o estúdio de 8:00 da manhã, e voltavam para casa às 12:00. Quando se encontravam dispostos, o que acontecia sempre, ainda voltavam lá às 15:00 para sair só de 19:00! Nenhum deles se sentia cansado ou achavam o trabalho penoso, pelo contrário. Quanto mais se empenhavam, mais tinham vontade de sobra e energia para dar tudo de si.
A primeira música que gravaram foi Conspiracy e ficou pronta em apenas dois dias! Um tempo recorde devido a todos já terem uma certa prática com ela, e também por terem tocado várias vezes nos ensaios e apresentações.
Naquele dia, uma segunda-feira de manhã, Hayley acordou cedo. Pulou da cama, tomou banho, se arrumou, mas nem tomou café da manhã. Tudo para continuar lendo “As peripécias de Ana”. Em todos os aspectos essa leitura era viciante e envolvente. Achou totalmente inusitada a reação de Ana quando leu a parte em que ela jogou um jarro na televisão. Realmente atrina tinha caprichado na história. Então, Hayley, como não podia perder mais tempo, ajeitou-se em sua cama, pegou o caderninho e tornou a sua leitura.
(...)
Ana calçou suas botas, vestiu sua calça jeans e blusa, pôs um casaco e saiu de casa. Nem se deu ao trabalho de limpar a bagunça que fizera na sala. E nem muito menos se deu ao luxo de ficar mais pensando na vida. Simplesmente saiu de casa. Eram 21:00 horas e o clima da sua cidade estava muito, muito frio. Quase abaixo de zero. Foi o que viu ao dar uma rápida olhada para o termômetro que ficava pendurado perto da porta da frente. “Que se dane, eu gosto do frio”, pensou ela, e depois saiu.
Durantes a sua caminhada solitária, Ana não pode evitar de olhar para trás várias vezes. Estava sozinha na rua e sabia o quanto isso era perigoso. “Não quero perder minha virgindade com nenhum estuprador”, pensou ela e acelerou o passo. Andou tão depressa que quando se tocou, já havia caminhado dois quarteirões. Não estava tão longe do seu destino, pois de onde estava já conseguia ouvir o barulho alto do som.
Um pouco mais adiante encontrou o lugar. Ficava em um prédio na rua Brooklin com a Mells Street, num bairro nada sofisticado e o lugar, pelo visto, era muito menos. Um casal conversava do lado de fora avistou Ana. Ambos estavam bêbados e ficaram rindo dela, porque... bem, pelo mesmo motivo de estarem bêbados: nenhum. Mas ela não deu ouvidos e entrou no lugar, que mais parecia um chiqueiro humano.
Sua amiga Bella a esperava bem perto do balcão. Estava acompanhada de outras duas garotas.
– Mas que diabo essas duas estão fazendo aqui?! – protestou Ana enquanto arrebatava os copos de bebida das mãos de Ruth e Beatrize. Ana as conhecia de vista, mas sabia que elas não poderiam ficar alí.
– Elas disseram que queriam vir, então eu as trouxe – respondeu Bella.– Nada de mais. – e puxou para si outro copo de cerveja.
– Nada de mais?! Essas duas são crianças ainda, acabaram de descobrir o que é menstruação e você diz “nada de mais”?! Pra fora meninas, eu vou chamar um táxi pra levar vocês.
Ana puxou as duas pelo braço, arrastando-as em direção à saída.
– Você não pode fazer isso com a gente! Nossas mãe vão nos matar! – imploravam as duas, enquanto Ana as levava para fora do prédio.
– Não só posso como devo. Táxi!
– Poxa – falou Bella –, elas só queriam se divertir um p...
Infelizmente Bella não conseguiu concluir a frase pôs o punho cerrado de Ana atirou-lhe um soco muito apoiado em seu queixo, e por já ter bebido algumas não conseguiu se equilibrar para revidar e caiu no chão frio da calçada. O casal que estava do lado de fora da festa antes, vibravam com o espetáculo.
– Sua vadia, traiçoeira! – gemia Bella com a mão no rosto e ainda estendida na calçada.
– Isso é pra você aprender a nunca mais trazer crianças a festas. – completou Ana – Eu devia ter acertado um bem no seu olho, mas tive pena de você. E olha... eu sempre quis fazer isso com você!
– Aonde vai sua cadela?! Tá fugindo?! – gritou Bella enquanto sua ex-amiga se distanciava.
– Não vou ficar aqui olhando pra sua cara deformada. – e saiu.
(...)
– Hayley! Hayley! Hayley! – chegou Zac em seu quarto, interrompendo mais uma vez sua leitura.
– Já está tudo O.k.? – perguntou ela, já sabendo do que se tratava.
– Sim! Ele foi tomar banho e deixou o caderno em cima da cama. É a oportunidade perfeita! – disse ele, estalando os dedos várias vezes.
– Fique na porta do banheiro vigiando ele que eu pego o caderno.
Hayley jogou “As peripécias de Ana” em cima da cama em que estava deitada e foi até o quarto onde os garotos dormiam. Na parte de cima da beliche que ele e Zac dormiam estava o caderninho preto, amontoado entre alguns lençóis. Ela puxou-o sorrateiramente. Havia uma porta daquele quarto que dava pro banheiro onde Josh se banhava naquele instante e Zac cumpriu sua parte do trato segurando-a caso ele saísse, mas isso nem foi tão necessário. Josh sempre tomava banhos demorados, ou seja, deu tempo de sobra para tirar o caderno, fugir com ele para o quintal e ainda ler algumas páginas. Eram quase 7:00 da manhã quando eles abriram o caderninho. Ambos não sabiam o que dizer, nem o que pensar. Lá havia escrito algumas poesias, muito bonitas por sinal, e até canções que Josh os mostrara alguns dias atrás.
- Não sabia que o Josh escrevia a tanto tempo.- comentou Hayley. - olha só as datas: 08/07/91, 15/12/94...
- E não escreve. Veja, - Zac apontou para o rodapé da página - tudo está assinado com o nome de Janet Macbridge.
14 de nov. de 2008
Capitulo 53: As peripécias de Ana, parte 1
Ana parou de olhar para o nada. Ela não tinha mais medo algum de afundar-se e, lágrimas e fazia isso enquanto assistia sua novela mexicana favorita. Sua vontade era incompatível com o mundo ao seu redor. Seus desejos, a figura de um homem perfeito que instalara-se em sua mente de uma forma tal, mas que em poucos minutos de conversa com sua suporta “alma gêmea” descobriu que ele não era nada daquilo que ela imaginava. “Nada” no sentido mais forte que essa palavra pode exprimir. Pobre garota iludida, mergulhada em tantos rodeios de sua mente, a si mesma enganou. Mas Ana nunca veria de fora da situação, nunca se julgaria se não tivesse se decepcionado assim. Em teoria, pelo menos, ela descobriu um dos significados da palavra “amor”... e ela fazia tanto sentido para Ana antigamente, tudo era tão lindo, tão colorido, tão perfeito... agora ela chorava, soluçava, esmurrava o sofá e continuava a assistir sua novela. Deveria sentir grata por ter aprendido algo novo? Aquela coisa de cinco letras começada com a letra “a” pra ela não era mais uma palavra, e nem tinham sentido algum ao ser proferida. Será que seu amado nunca se apaixonara por alguém na vida? Será que se decepcionou assim como ela? Mil e uma perguntas vinham a sua cabeça inexperiente. “Essa maldita adolescência”, pensava ela, e não passava disso. Era uma tarde de quarta-feira, daquelas em que você não tem nada melhor pra fazer. Ana estava sozinha em casa, sentada em seu sofá, até que ouve um barulho vago e distante, que até a assusta um pouco e a desperta também daquele transe profundo em que se encontrava. O telefone. Indisposta, ela caminha até a mesa, que é de onde o barulho vem, e atende o telefone de uma vez por todas. Sua amiga. Fala, fala, fala, fala, fala... Ana só escuta. Uma festa? Quando? Onde? Por quê? Realmente, por que haveria ela de ir a uma festa? Onde garotos e garotas se apaixonam, se iludem, se separam, brigam, discutem? Mas sua amiga insistia tanto, tanto, tanto... Ana aceitou. Não porque quisesse ir, e sim por não suportar mais ficar ouvindo aquela ladainha em seu ouvido: vamos, vamos, vamos, vamos, qué que custa? “Qué que custa que você não está na minha pele”, pensou. Então desligou o bendito telefone e voltou a remoer seus sentimentos traiçoeiros, sentando-se novamente em seu sofá para assistir a sua novela. A cena que naquele instante passava na tela de vidro era a clássica despedida. Dois apaixonados, o casal perfeito. O “chavo” e a “chica” que vão se despedir na estação de trem. Como era patético ver aquilo... e como se sentia patética por estar ali sentada ali assistindo aquilo enquanto um mundo todo girava ao seu redor, enquanto a vida passava... mas toda a sua lógica não encobriria de maneira alguma aquele triste momento. Triste e horrível. Voltou a sentir raiva, uma raiva incontrolável. Não, definitivamente não ficaria mais ali assistindo aquilo! Pegou um jarro que estava no canto da sala e o atirou contra a televisão. Em seguida... silêncio. “Meu Deus! O que eu fiz?!” Os pedaços do jarro e as flores, junto com um pouco de areia que as sustentava, espalhavam-se por toda a sala e a própria televisão com o impacto caiu no chão também, mas permaneceu inteira. Ana observava toda a cena, ainda pasma, estática, mas tranqüila, aliviada.
– Hayley, posso te fazer uma pergunta? – disse Zac, interrompendo sua leitura.
– Bem, você acabou de fazer uma. Pode falar, do que se trata? – respondeu ela, escanteando o caderno da amiga.
– É sobre o Josh... desde aquele dia, você sabe, do... acidente, ele anda tão esquisito, tão sombrio. Fica calado pelos cantos pensando na vida. Você não acha que ele está ficando biruta, né?
– Com certeza não. Na verdade eu nem percebi que ele estava assim.Ando tão distraída ultimamente...
Aquele dia em Nashville era tão relaxante e ao mesmo tempo tão tenso. A tia de Jeremy, Srta. Aurora Greenway, a pouco preparou um belo café da manhã para seus “hospedes”. Ela dedicava um carinho todo especial por todos, mas principalmente pelo garoto mais novo, no caso, Zac. Contudo, ela não sabia por qual motivo exatamente estariam eles hospedados em sua casa. Suponha que eles estavam fazendo um trabalho de férias, uma excursão, ou qualquer outra coisa, mas não imaginou que era para gravar demos, mesmo porque todo o equipamento que eles haviam trazido estava guardado no estúdio, a não ser o inseparável violão de Josh.
– Mas Zac, – disse Hayley, retomando o fio da meada. – tem uma coisa que está me intrigando nele também. Antigamente ele ficava o tempo todo falando na namorada... agora ele simplesmente não oca mais no assunto. – E calou-se por alguns instantes, tentando lembrar-se de algum detalhe que lhe escapara a memória.
– Agora – prosseguiu Zac, baixando o tom da voz. – eu percebi também que ele vive andando pra cima e pra baixo com um caderninho de capa preta. E fica um tempão sentado olhando praquele caderninho... se eu pudesse saber o que tem escrito lá...
– Se você acha que o caderninho é a raiz de todos os males então vamos atrás dele, ora essa!
– Mas ele passa o dia inteiro com aquele troço debaixo do braço! É quase impossível fazer ele desgrudar daquilo.
– Querido, – disse Hayley , olhando para seu amigo com aquele olhar sacana – essa palavra, “impossível”, não existe no meu vocabulário. Apenas o distraia e me deixe fazer o meu trabalho.
– Hayley, posso te fazer uma pergunta? – disse Zac, interrompendo sua leitura.
– Bem, você acabou de fazer uma. Pode falar, do que se trata? – respondeu ela, escanteando o caderno da amiga.
– É sobre o Josh... desde aquele dia, você sabe, do... acidente, ele anda tão esquisito, tão sombrio. Fica calado pelos cantos pensando na vida. Você não acha que ele está ficando biruta, né?
– Com certeza não. Na verdade eu nem percebi que ele estava assim.Ando tão distraída ultimamente...
Aquele dia em Nashville era tão relaxante e ao mesmo tempo tão tenso. A tia de Jeremy, Srta. Aurora Greenway, a pouco preparou um belo café da manhã para seus “hospedes”. Ela dedicava um carinho todo especial por todos, mas principalmente pelo garoto mais novo, no caso, Zac. Contudo, ela não sabia por qual motivo exatamente estariam eles hospedados em sua casa. Suponha que eles estavam fazendo um trabalho de férias, uma excursão, ou qualquer outra coisa, mas não imaginou que era para gravar demos, mesmo porque todo o equipamento que eles haviam trazido estava guardado no estúdio, a não ser o inseparável violão de Josh.
– Mas Zac, – disse Hayley, retomando o fio da meada. – tem uma coisa que está me intrigando nele também. Antigamente ele ficava o tempo todo falando na namorada... agora ele simplesmente não oca mais no assunto. – E calou-se por alguns instantes, tentando lembrar-se de algum detalhe que lhe escapara a memória.
– Agora – prosseguiu Zac, baixando o tom da voz. – eu percebi também que ele vive andando pra cima e pra baixo com um caderninho de capa preta. E fica um tempão sentado olhando praquele caderninho... se eu pudesse saber o que tem escrito lá...
– Se você acha que o caderninho é a raiz de todos os males então vamos atrás dele, ora essa!
– Mas ele passa o dia inteiro com aquele troço debaixo do braço! É quase impossível fazer ele desgrudar daquilo.
– Querido, – disse Hayley , olhando para seu amigo com aquele olhar sacana – essa palavra, “impossível”, não existe no meu vocabulário. Apenas o distraia e me deixe fazer o meu trabalho.
12 de nov. de 2008
(3ª temporada!)Capítulo 52: Que coincidência!
O tempo frio que a muitas semanas não dava aparecia, agora, início do mês de dezembro, aparecera de uma forma que era como se uma calota polar tivesse, de alguma forma, encoberto a cidade, pois estava tão frio que era difícil até caminhar pela rua. Mesmo ainda sendo meio-dia os termômetros marcavam 9,5°C. Essa atmosfera fria trazia um clima de tranqüilidade e serenidade... era assim que Hayley gostava de ficar naqueles dias importantes em que a gente quer mais aconchego. Sua mãe mandou que ela comprasse... alguma coisa no supermercado. “Macarrão? Ou será açúcar?”, ela olhava as prateleiras a sua frente procurando lembrar o que comprar quando viu um indivíduo conhecido no final do corredor e que vinha se aproximando, até parar bem ao seu lado.
– Olá Hayley! Que coincidência te encontrar aqui. – disse ele, cumprimentando-a.
– Oi William! Pois é... que frio hoje, não?
– É verdade.
– O que veio comprar? – perguntou ela, tentando puxar assunto e quebrar o clima de constrangimento que pairava entre os dois.
– Açúcar, café, cereal e leite. O de sempre. – respondeu ele, levantando um dedo para cada coisa.
– Café!
– É isso aí, café.
– Não, café! Foi isso que minha mãe me mandou vir comprar. Ai, como eu sou esquecida!
Os dois riram.
– Vai fazer o que nessas férias? – perguntou ela, já caminhando para a prateleira onde estava o café.
– Não sei, estou sem planos, – pensou um pouco. – e você? Vai fazer o quê?
– Eu estou indo hoje pra Nashville, vou passar uns dias lá com os garotos – respondeu.
– Os da banda?
– Sim. A gente ta gravando umas demos e tá dando um trabalhão. Nunca pensei que o trabalho em estúdio em estúdio fosse tão difícil! Ainda mais que eu não conheço nada sobre isso... Você sabia que tem todo um negócio de acústica? Eu achei isso tão complicado, mas... – e começou a tagarelar até que parou quando William segurou sua mão de leve. Um lapso de memória lhe ocorreu, lembrando desde a primeira vez que se encontraram e de tantos momentos que passaram juntos... era difícil aceitar que tudo tivesse acabado daquele jeito.
– Eu sinto falta de você às vezes, sabia? – disse ele encarando aqueles grandes olhos arregalados e inquietos que a muito ele tanto admirava.
Hayley agitou-se um pouco. Olhou para os lados, e quando finalmente respirou para dizer alguma coisa, foi interrompida pela voz feminina que chamava por ela.
– Hayley! Que coincidência te encontrar aqui!
– Acho que já ouvi isso hoje. – respondeu ela, retirando sua mão de debaixo da de William para cumprimentar sua amiga.
– William, essa é minha amiga Katrina. Katrina, William.
Os dois trocaram “ois”, “tudo bens” e apertos de mão.
– Eu sei o que você deve estar pensando – disse Katrina. – “Meu Deus, a doida da árvore!”, mas não se preocupe, eu não mordo... sempre.
Os três riram.
– Bom, eu acho que já vou indo... – disse William, já se despedindo. – Tchau meninas, e boa viajem Hayley.
Depois que ele saiu as duas continuaram conversando ao mesmo tempo em que procuravam uma barra de chocolate grande para fazer chocolate quente.
– Seu “ex”? – perguntou Katrina, nem um pouco discreta, mas muito da adivinha.
– Como você sabia?! – disse Hayley arregalando os olhos.
– Simples: eu não sabia. Mas agora você entregou.
As duas pegaram os chocolates e foram para o balcão.
– Nem vou perguntar – continuou Katrina – porquê vocês terminaram, mas vou chutar: ele mentiu pra você.
– Eu tô ficando com medo de você já.
Katrina riu alto, depois falou:
– Isso nem e tão difícil de adivinhar. Eles sempre fazem isso com a gente... – e suspirou.
– É verdade... pura verdade. – concordou Hayley.
Depois de pagar, elas pegaram suas sacolinhas e saíram do supermercado.
– Vai fazer o que agora? – perguntou Katrina, acompanhando a amiga.
– Não sei...
– Vamos lá em minha casa pra eu te mostrar uma coisa?
– O livro! – exclamou Hayley. – Eu quero ver!
– Tá bom. Minha casa não fica muito longe da sua... na verdade, não fica nada longe.
Elas dobraram uma esquina, passaram pelo semáforo descendo na Bridge Street, e seguiram direto até pararem de frente a uma casa branca, com um lindo gramado e um jardim muito bonito. O que mais chamou a atenção de Hayley foi o fato da casa possuir duas caixas de correio. Uma delas parecia entalhada em madeira.
– Por que vocês têm duas caixas de correio? – perguntou Hayley, curiosíssima.
– É pra não contaminar minhas correspondências com aqueles perfumes horrorosos que minha mãe compra todos os meses!
Ambas entraram na casa ao mesmo tempo, e lá dentro, Hayley percebeu logo o cheiro agradável que parecia vir todos os objetos. Tudo era tão arrumadinho, limpinho, cheirosinho... nada fora do lugar. Já sua amiga mantinha uma postura indiferente quanto a aquilo. Sua vontade era de bagunçar toda aquela “maldita casa limpa e idiota”. Elas subiram logo as escadas e entraram numa porta à direita. Nela havia uma placa vermelha dependurada com o anúncio de “mantenha distância”.
– Eu queria uma dessas o meu quarto. – disse Hayley, olhando para a placa.
Quando a porta do quarto da sua amiga se abriu, Hayley teve a impressão de estar entrando em um cômodo de outra casa. Não havia nada ali que parecesse nem um pouco com o perfume e organização extrema que aquele lar aparentava ter. Pôsteres de todos os tipos estavam presos em todas as paredes, as duas pequenas estantes estavam totalmente ocupadas por livros e cadernos. O quarto não tinha “tema”, era como uma espécie de caos pessoal, algo que só poderia vir da mente de uma pessoa: Katrina. E Hayley ainda não tinha entrado. Havia uma linha vermelha no chão como que impedindo a passagem, e nela existia uma mensagem escrita em letras de imprensa: “Não passe daqui sem minha autorização”. Era quase hipnótico. Não é a toa que ela só entrou mesmo quando sua amiga pediu que ela o fizesse.
– Poxa vida, Katrina! Seu quarto é tão...
– ...diferente? – completou ela.
– Em todos os sentidos! Ainda estamos na mesma casa?
– Nossa, também não exagera. – respondeu a amiga, enquanto procurava um caderno em uma das estantes. Quando o achou, entregou logo a Hayley que, até então, ficara parada olhando os pôsteres de filmes de suspense que cobria a parede a sua direita. Na capa havia escrito “As peripécias de Ana, a boa menina doida”.
– Ué, mas o nome livro não era “Menina dos olhos seus, não meus”? – perguntou.
– Esse eu ainda estou escrevendo. Não gosto de mostrar trabalhos inacabados.
– Mas você disse...
– Tá bom, depois eu te mostro. Mas leia esse primeiro, acho que tem mais a ver com você. – respondeu Katrina, fazendo aquele gesto com a mão que lhe era muito comum.
– Está bem... posso levar ele comigo pra Nashville? É que eu vou ter que passar uns dias lá e...
– Sem problema, amiga! – disse Katrina sorrindo.
– Bom, agora eu tenho que ir para minha casa selecionar o que eu vou levar e começar a arrumar a bagagem. Ah! E as compras! Nossa, esqueci de entregar pra mamãe... pois é. Adorei seu quarto, muito legal! E gostei mais daquele pôster ali – e apontou para um do Nsync que estava bem escondidinho, por trás da estante.
Depois disso, as duas desceram as brilhantes e lustrosas escadas da cheirosíssima casa e Hayley já ia saindo pela porta da frente. Antes, deu um abraço na amiga e se despediu.
Agora era ir pra casa, se arrumar, juntar as “tralhas” e “se mandar”. Iria para a casa da tia solteirona do Jeremy em Nashville e eles sairiam daqui a duas horas mais ou menos. Enquanto caminhava, ela apertava o caderninho debaixo do braço. Que tipo de história a sua amiga escrevia? Estava curiosíssima, mas guardou sua leitura para uma hora mais oportuna. “Por hoje, pelo menos, nada de distrações”.
– Olá Hayley! Que coincidência te encontrar aqui. – disse ele, cumprimentando-a.
– Oi William! Pois é... que frio hoje, não?
– É verdade.
– O que veio comprar? – perguntou ela, tentando puxar assunto e quebrar o clima de constrangimento que pairava entre os dois.
– Açúcar, café, cereal e leite. O de sempre. – respondeu ele, levantando um dedo para cada coisa.
– Café!
– É isso aí, café.
– Não, café! Foi isso que minha mãe me mandou vir comprar. Ai, como eu sou esquecida!
Os dois riram.
– Vai fazer o que nessas férias? – perguntou ela, já caminhando para a prateleira onde estava o café.
– Não sei, estou sem planos, – pensou um pouco. – e você? Vai fazer o quê?
– Eu estou indo hoje pra Nashville, vou passar uns dias lá com os garotos – respondeu.
– Os da banda?
– Sim. A gente ta gravando umas demos e tá dando um trabalhão. Nunca pensei que o trabalho em estúdio em estúdio fosse tão difícil! Ainda mais que eu não conheço nada sobre isso... Você sabia que tem todo um negócio de acústica? Eu achei isso tão complicado, mas... – e começou a tagarelar até que parou quando William segurou sua mão de leve. Um lapso de memória lhe ocorreu, lembrando desde a primeira vez que se encontraram e de tantos momentos que passaram juntos... era difícil aceitar que tudo tivesse acabado daquele jeito.
– Eu sinto falta de você às vezes, sabia? – disse ele encarando aqueles grandes olhos arregalados e inquietos que a muito ele tanto admirava.
Hayley agitou-se um pouco. Olhou para os lados, e quando finalmente respirou para dizer alguma coisa, foi interrompida pela voz feminina que chamava por ela.
– Hayley! Que coincidência te encontrar aqui!
– Acho que já ouvi isso hoje. – respondeu ela, retirando sua mão de debaixo da de William para cumprimentar sua amiga.
– William, essa é minha amiga Katrina. Katrina, William.
Os dois trocaram “ois”, “tudo bens” e apertos de mão.
– Eu sei o que você deve estar pensando – disse Katrina. – “Meu Deus, a doida da árvore!”, mas não se preocupe, eu não mordo... sempre.
Os três riram.
– Bom, eu acho que já vou indo... – disse William, já se despedindo. – Tchau meninas, e boa viajem Hayley.
Depois que ele saiu as duas continuaram conversando ao mesmo tempo em que procuravam uma barra de chocolate grande para fazer chocolate quente.
– Seu “ex”? – perguntou Katrina, nem um pouco discreta, mas muito da adivinha.
– Como você sabia?! – disse Hayley arregalando os olhos.
– Simples: eu não sabia. Mas agora você entregou.
As duas pegaram os chocolates e foram para o balcão.
– Nem vou perguntar – continuou Katrina – porquê vocês terminaram, mas vou chutar: ele mentiu pra você.
– Eu tô ficando com medo de você já.
Katrina riu alto, depois falou:
– Isso nem e tão difícil de adivinhar. Eles sempre fazem isso com a gente... – e suspirou.
– É verdade... pura verdade. – concordou Hayley.
Depois de pagar, elas pegaram suas sacolinhas e saíram do supermercado.
– Vai fazer o que agora? – perguntou Katrina, acompanhando a amiga.
– Não sei...
– Vamos lá em minha casa pra eu te mostrar uma coisa?
– O livro! – exclamou Hayley. – Eu quero ver!
– Tá bom. Minha casa não fica muito longe da sua... na verdade, não fica nada longe.
Elas dobraram uma esquina, passaram pelo semáforo descendo na Bridge Street, e seguiram direto até pararem de frente a uma casa branca, com um lindo gramado e um jardim muito bonito. O que mais chamou a atenção de Hayley foi o fato da casa possuir duas caixas de correio. Uma delas parecia entalhada em madeira.
– Por que vocês têm duas caixas de correio? – perguntou Hayley, curiosíssima.
– É pra não contaminar minhas correspondências com aqueles perfumes horrorosos que minha mãe compra todos os meses!
Ambas entraram na casa ao mesmo tempo, e lá dentro, Hayley percebeu logo o cheiro agradável que parecia vir todos os objetos. Tudo era tão arrumadinho, limpinho, cheirosinho... nada fora do lugar. Já sua amiga mantinha uma postura indiferente quanto a aquilo. Sua vontade era de bagunçar toda aquela “maldita casa limpa e idiota”. Elas subiram logo as escadas e entraram numa porta à direita. Nela havia uma placa vermelha dependurada com o anúncio de “mantenha distância”.
– Eu queria uma dessas o meu quarto. – disse Hayley, olhando para a placa.
Quando a porta do quarto da sua amiga se abriu, Hayley teve a impressão de estar entrando em um cômodo de outra casa. Não havia nada ali que parecesse nem um pouco com o perfume e organização extrema que aquele lar aparentava ter. Pôsteres de todos os tipos estavam presos em todas as paredes, as duas pequenas estantes estavam totalmente ocupadas por livros e cadernos. O quarto não tinha “tema”, era como uma espécie de caos pessoal, algo que só poderia vir da mente de uma pessoa: Katrina. E Hayley ainda não tinha entrado. Havia uma linha vermelha no chão como que impedindo a passagem, e nela existia uma mensagem escrita em letras de imprensa: “Não passe daqui sem minha autorização”. Era quase hipnótico. Não é a toa que ela só entrou mesmo quando sua amiga pediu que ela o fizesse.
– Poxa vida, Katrina! Seu quarto é tão...
– ...diferente? – completou ela.
– Em todos os sentidos! Ainda estamos na mesma casa?
– Nossa, também não exagera. – respondeu a amiga, enquanto procurava um caderno em uma das estantes. Quando o achou, entregou logo a Hayley que, até então, ficara parada olhando os pôsteres de filmes de suspense que cobria a parede a sua direita. Na capa havia escrito “As peripécias de Ana, a boa menina doida”.
– Ué, mas o nome livro não era “Menina dos olhos seus, não meus”? – perguntou.
– Esse eu ainda estou escrevendo. Não gosto de mostrar trabalhos inacabados.
– Mas você disse...
– Tá bom, depois eu te mostro. Mas leia esse primeiro, acho que tem mais a ver com você. – respondeu Katrina, fazendo aquele gesto com a mão que lhe era muito comum.
– Está bem... posso levar ele comigo pra Nashville? É que eu vou ter que passar uns dias lá e...
– Sem problema, amiga! – disse Katrina sorrindo.
– Bom, agora eu tenho que ir para minha casa selecionar o que eu vou levar e começar a arrumar a bagagem. Ah! E as compras! Nossa, esqueci de entregar pra mamãe... pois é. Adorei seu quarto, muito legal! E gostei mais daquele pôster ali – e apontou para um do Nsync que estava bem escondidinho, por trás da estante.
Depois disso, as duas desceram as brilhantes e lustrosas escadas da cheirosíssima casa e Hayley já ia saindo pela porta da frente. Antes, deu um abraço na amiga e se despediu.
Agora era ir pra casa, se arrumar, juntar as “tralhas” e “se mandar”. Iria para a casa da tia solteirona do Jeremy em Nashville e eles sairiam daqui a duas horas mais ou menos. Enquanto caminhava, ela apertava o caderninho debaixo do braço. Que tipo de história a sua amiga escrevia? Estava curiosíssima, mas guardou sua leitura para uma hora mais oportuna. “Por hoje, pelo menos, nada de distrações”.
11 de nov. de 2008
Sobre a 3ª temporada
Bom, essa será a terceira e última temporada, então aproveitem bastante cada capitulo! Ah, e também será a maior. Nessa eu não estabeleci um limite máximo de postagens. Vou continuando até terminar a história. A probabilidade é de que eu termine ainda esse ano, isso se minha mãe não inventar aquelas viagens de ano novo pra casa da minha vó, porque em dezembro (graças a Deus!) eu entro de férias de novo da faculdade e vou ter muito tempo livre para escrever.
Sobre divulgação, eu já coloquei o link da fanfic em quase todos os sites do Paramore que eu conheço, principalmente em comunidades do Orkut. Queria pedia uma ajuda a todos vocês que gostam de ler essas histórias a me ajudar nessa parte de alguma forma: contando para um amigo(a) que gosta da banda e tal... mas estou muito feliz pela quantidade de leitores! Muito obrigado a todos e continuem acompanhando a história!
PS: Ah, e desculpe-me por ainda não ter postando. A culpa não é minha gente, é do tempo. Quem teve a idéia de fazer o dia só com 24 horas?!
Sobre divulgação, eu já coloquei o link da fanfic em quase todos os sites do Paramore que eu conheço, principalmente em comunidades do Orkut. Queria pedia uma ajuda a todos vocês que gostam de ler essas histórias a me ajudar nessa parte de alguma forma: contando para um amigo(a) que gosta da banda e tal... mas estou muito feliz pela quantidade de leitores! Muito obrigado a todos e continuem acompanhando a história!
PS: Ah, e desculpe-me por ainda não ter postando. A culpa não é minha gente, é do tempo. Quem teve a idéia de fazer o dia só com 24 horas?!
6 de nov. de 2008
Capitulo 51: Passado, Presente e Futuro
– Mãe, abre a porta! – gritava Hayley, enquanto chutava-a com toda a força que tinha.
“Ainda bem que pus um tênis antes de sair de casa, senão teria quebrado o pé! Nunca imaginei que essa porta fosse tão dura!”, pensou ela, e trocou o pé pela mão. “Eu acho que não tem ninguém em casa... poxa mais que sorte! Uma vez na vida que eu me esqueço de levar a chave acontece isso. Agora foi ficar aqui trancada do lado de fora?”. Ainda insistiu mais um pouco, mas parou e decidiu esperar sentada no pequeno degrau, a um metro de distância da porta. Descansou sua mochila no chão, tirou o cabelo do rosto, pôs a mão no queixo e ficou parada olhando para o nada. Já era tardezinha, mas o sol ainda aparecia longe, quase se pondo. Ela olhou para o céu. “Poucas núvens, ainda bem”. Seu pensamento, diferente do seu corpo, percorria o passado, as lembranças que ainda restavam em sua mente do tempo que vivia em Meridian. Alguns amigos, sua ex-escola, alguns parentes e vizinhos... tudo fazia falta quando ela tinha esses surtos de memória, e tentou rever o seu dia para saber por que sentiu tanta falta do seu passado.
Lembrou-se de seus “amigos” (as aspas, no caso, colocadas por ela) e de como se sentiu sozinha, apesar de estar em companhia de pessoas o tempo todo. Seus olhos faiscaram, ameaçando cair uma lágrima; ela piscou umas três vezes bem forte. “É incrível como pequenas coisas podem nos machucar tanto... quando estamos deprimidos. Todo mundo parece que tapa os ouvidos e você não consegue desabafar. Você se sente... como uma folha que fica de um lado para outro sendo empurrada pelo vento, até que cai no chão...” Seus olhos focalizaram uma árvore na frente da casa do vizinho da esquerda, e conseguiu ver no exato instante que uma folha, aparentemente seca, caía lentamente acompanhada pela brisa. Segundos depois de sair do seu transe, percebeu que uma figura já conhecida se dirigia lentamente em seu vestido longo, cor de outono, e seus cabelos escuros que voavam também caminhando de um lado para o outro, também carregados pelo vento. E de uma forma inusitada, a garota continuava se aproximando, até que parou em frente à casa de Hayley, bem perto de onde ela estava, e abriu um sorriso estranho. Era a mesma pessoa que Hayley vira antes em cima de uma árvore?
– Olá, como vai? – disse, educadamente antes de se apresentar. – Sou Katrina, acho que estuda... estudávamos na mesma escola.
– Sim, eu me lembro de você. – respondeu, “também, como esquecê-la?!” – Meu nome é Hayley, muito prazer. – E deu um breve sorriso de retribuição.
– E que você faz sentada aqui a essa hora da tarde, Hayley?
– Tô de castigo. Minha mãe saiu e me deixou trancada do lado de fora. – “Se bem que a culpa foi toda minha por ter esquecido a chave”.
– Nossa... e por que não vai atrás dela agora? Se quiser eu posso ir com você. Acho que vi ela saindo naquela direção... – e apontou para o final da rua, que dava para a Ralson Street. – Talvez ela e seu pai tenham ido fazer compras...
– Não, não. Você deve estar confundindo. Eu na moro com meu pai.
– Então seu padrasto... não sei. – fez um gesto com a mão direita passando perto do rosto, como que abanando as idéias. Depois de um tempo em sua companhia, Hayley percebeu que ela sempre fazia aquilo quando dizia alguma coisa que considerava embaraçosa.
– É... eu acho que tenho de fazer isso mesmo, senão vou passar o resto do dia aqui sentada... e daqui a pouco eu tenho que ir à casa do Jeremy. A gente pra Nashville, poxa, eu já tinha até esquecido! Meu Deus, e eu tô uma porca!
As duas agora já caminhavam para “lugar nenhum”, mas o papo estava tão bom que nem se importaram tanto com o destino.
– Sabe, Katrina... eu acho que papai do céu me ouviu quando disse que estava me sentindo sozinha e ele me mandou você para me fazer companhia.
– Eu quem o diga... depois daquele papelão na escola ninguém quer mais andar comigo... até me chamam de louca, mas o que eu posso fazer? É só cheirar um copo de bebida e eu fico daquele jeito.
As duas conversaram muito durante esse tempo e Hayley descobriu muitas coisas sobre a vida de sua nova amiga. Katrina tinha vindo da Califórnia, seus pais já eram divorciados há dois anos e ela morava com seu pai e sua madrasta. Era filha única. Seus hobbys eram viajar, coisa que fazia o tempo inteiro, e escrever histórias, dentre elas, contos e romances. Um deles seria sobre uma garota chamada Ana e se chamaria “Menina dos Olhos Seus, Não Meus”. Hayley achou interessantíssimo uma garota que acabara de terminar o colegial escrever tanto, e ficou também muito curiosa respeito da história, mas Katrina disse que não se preocupasse, pois outro dia mostraria alguns capítulos a ela. Por fim, após rodearem o quarteirão uma quatro vezes, resolveram parar. Todas as duas estavam exaustas e a noite já havia caído. Já estavam sentadas no mesmo local em que se encontraram primeiro, quando de repente, de repente, o carro do namorado de sua mãe pára e os dois saem rapidamente. Sua mãe praticamente correu do carro quando viu sua filha do lado de fora de casa.
– Não levou a chave, não foi? Eu encontrei ela no chão do seu quarto. – disse ela, estendendo-a de volta para a dona. – Escuta, você não devia estar arrumada agora? Seus amigos já falaram comigo e pediram para que eu te apresasse.
– Tem razão! Eu vou correndo tomar banho! Tchau Katrina, foi um prazer te conhecer.
– Tchau, Hayley. Você é muito legal! A gente se vê depois.
Hayley correu desesperada até o banheiro e parecia tão apressada que era como se tivesse tomado banho e se trocado ao mesmo tempo! Em poucos minutos estava pronta. Deu um beijo e um braço em sua mãe e depois se despediu de longe. O carro do pai do Jeremy já buzinava em frente a sua casa e ela abriu a porta de trás, sentando-se ao lado de Zac e Jeremy. Josh etava no banco da frente ao lado do motorista. Era impossível não perceber o nervosismo deles.
– Pô, Hayley! – exclamou Zac. – Você fez a gente esperar um tempão!
– Um tempão?! Eu me arrumei igual a um menino, tá legal?! Tomei o banho mais rápido da minha vida! E você só estão aqui a no máximo cinco minutos, eu acho. Nem vi quando o carro parou aqui. Então não me venha com “um tempão”!
– Tá bom, tá bom! – disse ele, acalmando-a – É que eu tô muito nervoso...
– Então você é a Hayley? – perguntou o homem que dirigia. – Eu sou Jonas Davis, pai do Jeremy.
Ela ficou enantada, assim como todo mundo fica ao olhar o Sr. Davis nos olhos.
– O prazer é todo meu... – respondeu.
– Então gente, vamos nessa? – disse ele já dando a partida no carro.
Quando o carro começou a rodar os primeiros metros, todos sentiram um calafrio ao lembrar da última vez que saíram de viajem. Mas aos poucos foram se esquecendo do perigo à medida que se distanciavam mais e mais de Franklin. O percurso foi tranqüilo e em menos de uma hora eles chegaram a Nashville. Mas para achar o lugar em que ficava o estúdio foram quase meia hora de rodeios e paradas para pedir informação. Finalmente encontraram o lugar, depois de muita luta. O prédio ficava em uma rua pequena, mas muito charmosa e enfeitada com inúmeras artes em grafite. Pararam o carro e desceram todos de uma vez. Zac foi o primeiro a correr e tocar a campainha do prédio que eles achavam que ficava o estúdio. Bryan apareceu pouco tempo depois.
– E aí, meus amigos! Como vocês estão? Fico muito feliz em receber você aqui. Vamos entrando! – Normalmente ele não era tão receptivo assim. O motivo de estar sendo tão cordial era o simples fato de ter gostado muito do som dos garotos. Ele os ouviu pela primeira vez na festa do Bill e outra vez na batalha das bandas, onde ele mesmo fora juiz. – Então, não vamos perder um segundo de tempo. – disse ele já correndo de um lado para o outro com o açúcar fluindo e agitando em sua corrente sanguínea.
Conversaram muito sobre assuntos gerais que envolvem o trabalho em estúdio e como as músicas são gravadas. Falou sobre a importância do músico conhecer um pouco sobre acústica, a importância dos instrumentos, colocação, microfonação, fluxo de sinal, estrutura de ganho... e outros muitos assuntos importantes que seus “pupilos” precisavam aprender antes de começar a gravarem as músicas. Perguntou sobre as idéias deles, leu algumas letras, ouviu algumas músicas, estudou seus antecedentes e a experiência que tinham no meio musical... e se encantou mais ao saber o quanto eles eram jovens.
Já a Paramore ouvia tudo atentamente e faziam tudo com o maior cuidado possível para não decepcionar seu “professor”. Era outro nível, outros passos. Depois daquilo eles tinham certeza que novas portas se abririam para eles. O sonho de gravar o primeiro CD já não era algo tão distante. Pelo menos com essas demos, seria muito mais fácil mandar o material já pronto para uma gravadora e apostar a sorte. Realmente tudo estava dando certo, e eles estavam felizes. “Ontem estávamos numa garagem e hoje em um estúdio. Quem sabe onde estaremos no futuro?!”
“Ainda bem que pus um tênis antes de sair de casa, senão teria quebrado o pé! Nunca imaginei que essa porta fosse tão dura!”, pensou ela, e trocou o pé pela mão. “Eu acho que não tem ninguém em casa... poxa mais que sorte! Uma vez na vida que eu me esqueço de levar a chave acontece isso. Agora foi ficar aqui trancada do lado de fora?”. Ainda insistiu mais um pouco, mas parou e decidiu esperar sentada no pequeno degrau, a um metro de distância da porta. Descansou sua mochila no chão, tirou o cabelo do rosto, pôs a mão no queixo e ficou parada olhando para o nada. Já era tardezinha, mas o sol ainda aparecia longe, quase se pondo. Ela olhou para o céu. “Poucas núvens, ainda bem”. Seu pensamento, diferente do seu corpo, percorria o passado, as lembranças que ainda restavam em sua mente do tempo que vivia em Meridian. Alguns amigos, sua ex-escola, alguns parentes e vizinhos... tudo fazia falta quando ela tinha esses surtos de memória, e tentou rever o seu dia para saber por que sentiu tanta falta do seu passado.
Lembrou-se de seus “amigos” (as aspas, no caso, colocadas por ela) e de como se sentiu sozinha, apesar de estar em companhia de pessoas o tempo todo. Seus olhos faiscaram, ameaçando cair uma lágrima; ela piscou umas três vezes bem forte. “É incrível como pequenas coisas podem nos machucar tanto... quando estamos deprimidos. Todo mundo parece que tapa os ouvidos e você não consegue desabafar. Você se sente... como uma folha que fica de um lado para outro sendo empurrada pelo vento, até que cai no chão...” Seus olhos focalizaram uma árvore na frente da casa do vizinho da esquerda, e conseguiu ver no exato instante que uma folha, aparentemente seca, caía lentamente acompanhada pela brisa. Segundos depois de sair do seu transe, percebeu que uma figura já conhecida se dirigia lentamente em seu vestido longo, cor de outono, e seus cabelos escuros que voavam também caminhando de um lado para o outro, também carregados pelo vento. E de uma forma inusitada, a garota continuava se aproximando, até que parou em frente à casa de Hayley, bem perto de onde ela estava, e abriu um sorriso estranho. Era a mesma pessoa que Hayley vira antes em cima de uma árvore?
– Olá, como vai? – disse, educadamente antes de se apresentar. – Sou Katrina, acho que estuda... estudávamos na mesma escola.
– Sim, eu me lembro de você. – respondeu, “também, como esquecê-la?!” – Meu nome é Hayley, muito prazer. – E deu um breve sorriso de retribuição.
– E que você faz sentada aqui a essa hora da tarde, Hayley?
– Tô de castigo. Minha mãe saiu e me deixou trancada do lado de fora. – “Se bem que a culpa foi toda minha por ter esquecido a chave”.
– Nossa... e por que não vai atrás dela agora? Se quiser eu posso ir com você. Acho que vi ela saindo naquela direção... – e apontou para o final da rua, que dava para a Ralson Street. – Talvez ela e seu pai tenham ido fazer compras...
– Não, não. Você deve estar confundindo. Eu na moro com meu pai.
– Então seu padrasto... não sei. – fez um gesto com a mão direita passando perto do rosto, como que abanando as idéias. Depois de um tempo em sua companhia, Hayley percebeu que ela sempre fazia aquilo quando dizia alguma coisa que considerava embaraçosa.
– É... eu acho que tenho de fazer isso mesmo, senão vou passar o resto do dia aqui sentada... e daqui a pouco eu tenho que ir à casa do Jeremy. A gente pra Nashville, poxa, eu já tinha até esquecido! Meu Deus, e eu tô uma porca!
As duas agora já caminhavam para “lugar nenhum”, mas o papo estava tão bom que nem se importaram tanto com o destino.
– Sabe, Katrina... eu acho que papai do céu me ouviu quando disse que estava me sentindo sozinha e ele me mandou você para me fazer companhia.
– Eu quem o diga... depois daquele papelão na escola ninguém quer mais andar comigo... até me chamam de louca, mas o que eu posso fazer? É só cheirar um copo de bebida e eu fico daquele jeito.
As duas conversaram muito durante esse tempo e Hayley descobriu muitas coisas sobre a vida de sua nova amiga. Katrina tinha vindo da Califórnia, seus pais já eram divorciados há dois anos e ela morava com seu pai e sua madrasta. Era filha única. Seus hobbys eram viajar, coisa que fazia o tempo inteiro, e escrever histórias, dentre elas, contos e romances. Um deles seria sobre uma garota chamada Ana e se chamaria “Menina dos Olhos Seus, Não Meus”. Hayley achou interessantíssimo uma garota que acabara de terminar o colegial escrever tanto, e ficou também muito curiosa respeito da história, mas Katrina disse que não se preocupasse, pois outro dia mostraria alguns capítulos a ela. Por fim, após rodearem o quarteirão uma quatro vezes, resolveram parar. Todas as duas estavam exaustas e a noite já havia caído. Já estavam sentadas no mesmo local em que se encontraram primeiro, quando de repente, de repente, o carro do namorado de sua mãe pára e os dois saem rapidamente. Sua mãe praticamente correu do carro quando viu sua filha do lado de fora de casa.
– Não levou a chave, não foi? Eu encontrei ela no chão do seu quarto. – disse ela, estendendo-a de volta para a dona. – Escuta, você não devia estar arrumada agora? Seus amigos já falaram comigo e pediram para que eu te apresasse.
– Tem razão! Eu vou correndo tomar banho! Tchau Katrina, foi um prazer te conhecer.
– Tchau, Hayley. Você é muito legal! A gente se vê depois.
Hayley correu desesperada até o banheiro e parecia tão apressada que era como se tivesse tomado banho e se trocado ao mesmo tempo! Em poucos minutos estava pronta. Deu um beijo e um braço em sua mãe e depois se despediu de longe. O carro do pai do Jeremy já buzinava em frente a sua casa e ela abriu a porta de trás, sentando-se ao lado de Zac e Jeremy. Josh etava no banco da frente ao lado do motorista. Era impossível não perceber o nervosismo deles.
– Pô, Hayley! – exclamou Zac. – Você fez a gente esperar um tempão!
– Um tempão?! Eu me arrumei igual a um menino, tá legal?! Tomei o banho mais rápido da minha vida! E você só estão aqui a no máximo cinco minutos, eu acho. Nem vi quando o carro parou aqui. Então não me venha com “um tempão”!
– Tá bom, tá bom! – disse ele, acalmando-a – É que eu tô muito nervoso...
– Então você é a Hayley? – perguntou o homem que dirigia. – Eu sou Jonas Davis, pai do Jeremy.
Ela ficou enantada, assim como todo mundo fica ao olhar o Sr. Davis nos olhos.
– O prazer é todo meu... – respondeu.
– Então gente, vamos nessa? – disse ele já dando a partida no carro.
Quando o carro começou a rodar os primeiros metros, todos sentiram um calafrio ao lembrar da última vez que saíram de viajem. Mas aos poucos foram se esquecendo do perigo à medida que se distanciavam mais e mais de Franklin. O percurso foi tranqüilo e em menos de uma hora eles chegaram a Nashville. Mas para achar o lugar em que ficava o estúdio foram quase meia hora de rodeios e paradas para pedir informação. Finalmente encontraram o lugar, depois de muita luta. O prédio ficava em uma rua pequena, mas muito charmosa e enfeitada com inúmeras artes em grafite. Pararam o carro e desceram todos de uma vez. Zac foi o primeiro a correr e tocar a campainha do prédio que eles achavam que ficava o estúdio. Bryan apareceu pouco tempo depois.
– E aí, meus amigos! Como vocês estão? Fico muito feliz em receber você aqui. Vamos entrando! – Normalmente ele não era tão receptivo assim. O motivo de estar sendo tão cordial era o simples fato de ter gostado muito do som dos garotos. Ele os ouviu pela primeira vez na festa do Bill e outra vez na batalha das bandas, onde ele mesmo fora juiz. – Então, não vamos perder um segundo de tempo. – disse ele já correndo de um lado para o outro com o açúcar fluindo e agitando em sua corrente sanguínea.
Conversaram muito sobre assuntos gerais que envolvem o trabalho em estúdio e como as músicas são gravadas. Falou sobre a importância do músico conhecer um pouco sobre acústica, a importância dos instrumentos, colocação, microfonação, fluxo de sinal, estrutura de ganho... e outros muitos assuntos importantes que seus “pupilos” precisavam aprender antes de começar a gravarem as músicas. Perguntou sobre as idéias deles, leu algumas letras, ouviu algumas músicas, estudou seus antecedentes e a experiência que tinham no meio musical... e se encantou mais ao saber o quanto eles eram jovens.
Já a Paramore ouvia tudo atentamente e faziam tudo com o maior cuidado possível para não decepcionar seu “professor”. Era outro nível, outros passos. Depois daquilo eles tinham certeza que novas portas se abririam para eles. O sonho de gravar o primeiro CD já não era algo tão distante. Pelo menos com essas demos, seria muito mais fácil mandar o material já pronto para uma gravadora e apostar a sorte. Realmente tudo estava dando certo, e eles estavam felizes. “Ontem estávamos numa garagem e hoje em um estúdio. Quem sabe onde estaremos no futuro?!”
2 de nov. de 2008
Capitulo 50: O novo/velho Bryan
Algumas semanas se passaram depois do trágico acidente que envolveu a Paramore em uma triste história, algo que os abalara tanto. Agora tudo aquilo já havia passado e a calma voltara a suas vidas. Sempre que tinham uma oportunidade, eles se reuniam fora do horário dos ensaios para conversar e discutir coisas importantes, com relação às músicas que já estavam “prontas” e o fogo de experimentar pela primeira vez um estúdio os entusiasmava cada vez mais. Depois de tanto pensar e refletir decidiram finalmente começar a gravar. Ligaram para o Sr. Coll que logo notificou seu amigo dono do pequeno estúdio em Nashville de que seus “pupilos” estavam prontos para a “seara”. Seu nome era Bryan Lumber, e, apesar de ser muito jovem, qualquer um ao vê-lo diria que ele não tinha menos de trinta anos. Era viciado em música, sempre foi, desde criança. Seu pai fora músico e tentou de todas as formas fazer com que seu filho aprendesse música também. Mas o dom de Bryan nunca fora cantar ou tocar qualquer coisa que fosse, e sim controlar a música em sua mesa de som, onde, segundo ele, era onde toda magia acontecia. Sentia-se como um maestro que comanda uma grande orquestra de sons e acordes compassados. Ele era o rei de seu mundo musical e era assim que ele gostava de se sentir. Seu hobby e sua paixão tomara todos os espaços de sua vida e por isso ele nunca se casou, nem namorou muito. A última vez que resolvera sair da solidão da sua casa/estúdio conheceu uma garota chamada Sabrina, mas Bryan nunca conseguiu ser inteiramente fiel a sua parceira e era tragado constantemente pela sua amante, a música. Como ele, evidentemente, vivia sozinho e nunca aprendera a cozinhar, sua única alternativa era dedicar-se a dieta do fastfood. Isso, porém quase o matou a um ano atrás quando teve um grave problema de saúde causado pelo excesso de peso e açúcar no sangue. E pouco depois de conseguir se recuperar, voltou a sua trágica rotina.
Já eram praticamente três horas da tarde quando Bryan acordou pelo telefone da sala/quarto/cozinha e como não parava de tocar, ele teve de levantar de sua cama/sofá/espreguiçadeira para atendê-lo mesmo sem um pingo de disposição.
– Que espécie de monstro você é?! Me acordando a essa hora! – gritou ele profundamente irritado.
A pessoa que estava do outro lado da linha ficou com muito medo, pois exitou bastante antes de responder.
– Me desculpe, mas o senhor é Bryan Lumber?
– Sim, sou eu. E quem é você “senhor”? – ele enfatizou essa última palavra em um tom pra lá de pejorativo. Odiava ser chamado de senhor em qualquer circunstância.
– Eu me chamo Josh Farro, da banda Paramore e eu gostaria de saber se...
– Ah! Claro amigo! – interrompeu ele bruscamente. – Não precisa falar mais nada! Vai ser um prazer ter vocês aqui em meu estúdio. Pode vir amanhã, ele fica na 26th Avenida número 2626, não tem erro,é um prédio bem na esquina. Mas se não conseguir encontrar o lugar, ligue para o Collins que ele lhe dirá como chegar aqui.
Josh ficou sem saber o que dizer.
– Bom, então está bem. Amanhã nós estamos aí.
Bryam desligou o telefone feliz da vida. Fazia muito tempo que não gravava e já estava sentindo falta disso. Muita falta.
– Finalmente! – disse ele consigo mesmo e voltou a sua cama/sofá/espreguiçadeira para descansar mais um pouco, afinal estava muito “cedo” e o dia de amanhã seria muito trabalhoso.
Já eram praticamente três horas da tarde quando Bryan acordou pelo telefone da sala/quarto/cozinha e como não parava de tocar, ele teve de levantar de sua cama/sofá/espreguiçadeira para atendê-lo mesmo sem um pingo de disposição.
– Que espécie de monstro você é?! Me acordando a essa hora! – gritou ele profundamente irritado.
A pessoa que estava do outro lado da linha ficou com muito medo, pois exitou bastante antes de responder.
– Me desculpe, mas o senhor é Bryan Lumber?
– Sim, sou eu. E quem é você “senhor”? – ele enfatizou essa última palavra em um tom pra lá de pejorativo. Odiava ser chamado de senhor em qualquer circunstância.
– Eu me chamo Josh Farro, da banda Paramore e eu gostaria de saber se...
– Ah! Claro amigo! – interrompeu ele bruscamente. – Não precisa falar mais nada! Vai ser um prazer ter vocês aqui em meu estúdio. Pode vir amanhã, ele fica na 26th Avenida número 2626, não tem erro,é um prédio bem na esquina. Mas se não conseguir encontrar o lugar, ligue para o Collins que ele lhe dirá como chegar aqui.
Josh ficou sem saber o que dizer.
– Bom, então está bem. Amanhã nós estamos aí.
Bryam desligou o telefone feliz da vida. Fazia muito tempo que não gravava e já estava sentindo falta disso. Muita falta.
– Finalmente! – disse ele consigo mesmo e voltou a sua cama/sofá/espreguiçadeira para descansar mais um pouco, afinal estava muito “cedo” e o dia de amanhã seria muito trabalhoso.
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