Caminhando calmamente pela noite fria de Franklin estava Josh. O lugar em que ele passava naquele momento parecia com aqueles bairros em que só há lojas. Já eram mais ou menos 10:30 da noite, o ensaio da banda já havia acabado e todos os integrantes se dispersado para suas casas. Tudo era só tranqüilidade, pelo menos era o que aparentava porque por dentro sentia-se muito nervoso por estar fazendo uma coisa errada.
A semana estava acabando, já era sexta-feira e, como se não bastasse as preocupações com a banda e os problemas familiares, o pai de Janet não permitira seu namoro com ela.
Tudo aconteceu há dois dias, ao final da quarta-feira, quando ainda estavam comemorando a vitória da batalha das bandas, Josh levou Janet à sua casa. Um gesto muito cordial, mas que foi mal interpretado pelo pai dela, um homem muito rude que, a seu ver, trouxe muitos prejuízos para o seu relacionamento com ela ao proibir que os dois se vissem. Isso Josh só ficou sabendo no dia seguinte quando a encontrou na escola e lá mesmo combinaram um encontro às escondidas na sexta. Foi o que aconteceu, ou, pelo menos, foi o que Josh estava fazendo de tudo para de acontecesse.
Ele sentou em um banco na esquina da rua em que Janet morava e esperou. Depois de mais ou menos quinze minutos, ela apareceu vindo do final da rua, e ao vê-lo passou a caminhar mais depressa. Ao chegar onde ele estava sentou-se ao seu lado.
Josh fitou-a um pouco. Estava usando um casaco na cor bege, calça jeans simples e um tênis branco. Seus cabelos cacheados e ruivos estavam presos em um rabo de cavalo, mas algumas mechas soltas caiam delicadamente sobre o seu rosto. Sua expressão não deixava transparecer em nada de que estava com medo, mesmo porque não estava. Um simples “oi” saiu de seus lábios corados pelo frio e logo um belo sorriso brotou dos mesmos. “Está frio hoje”, foi o que ela disse e logo os braços do seu acompanhante envolveram-na em um caloroso abraço. Ouviu-se um suspiro por parte de ambos e novamente o sorriso de Janet fez a sua momentânea e cordial reaparição.
– “Seria cômico se não fosse trágico”, é o que Shakespeare diria. Eu já pedi desculpas pela noite de quarta-feira?
– Já.
– Por que você está tão quieto hoje? Aconteceu alguma coisa, ou o frio congelou sua língua?
– Não sei.
– Pois eu sei muito bem como aquecê-la.
Josh sorriu, naquele sorriso desconcertado, olhando para os lados sem saber o que dizer.
– Sabe é?
– Sei sim.
Logo o beijo fez silenciar aquela breve conversa boba. Aquela simples fuga de casa foi transformada em uma romântica noite de inverno. Daquelas em que os casais saem por aí nas mais incríveis aventuras em busca daquilo que mais desejam: um ao outro. Isso a fazia lembrar-se da história de Romeu e Julieta e seus intermináveis beijos soturnos, acudidos pelo silêncio de Verona. Logo ela teve uma idéia.
– Vamos, quero te mostrar um lugar, mas eu tenho que passar em casa pra pegar minha bicicleta. E não se preocupe que eu já deixei ela esperando por mim do lado de fora.
Dentro de pouco tempo Janet reaparece, desta vez pedalando em sua bicicleta.
– Você me leva na garoupa. Não está pensando que eu tenho força para levar você, não é meu bem? Eu indico o caminho.
– Tudo bem, então segura aí!
E saíram os dois aos pedalos, cortando o silêncio absoluto que até então reinava supremo na noite, dando lugar a longas risadas.
– Janet, diz se já estamos perto! To ficando cansado já!
– Você reclama demais! Ta vendo aquela árvore grande ali na frente? Encosta a bicicleta lá.
A árvore era um imenso carvalho. Impossível não ficar estático diante da beleza daquela velha senhora, visto que muitas já haviam sido derrubadas para dar lugar a concreto e asfalto. Ao pararem lá, Janet tirou do bolso do casaco uma lanterna e um pequeno caderninho de capa preta.
– O que é isso aí? – perguntou Josh tentando ver o que era.
– Não seja ansioso. Venha, me siga.
E ele a seguiu. Onde estavam não havia iluminação e como não havia lua para clarear a lanterna até que se mostrou bem útil. Logo chegaram até num pequeno banco de madeira construído perto de onde passava um córrego e ficava embaixo de um salgueiro. Com a luz da lanterna, Josh pode ver algumas datas escritas no tronco da árvore e perguntou o que significava aquilo.
– São as datas mais especiais pra mim. Esse é o meu local secreto. Eu sempre vinha aqui quando era criança para pensar e ler. Hoje eu uso esse lugar como fonte de inspiração para escrever minhas poesias.
– E você escreve poesias? Por que nunca me contou?
– Você nunca perguntou... olha, – estendeu seu caderninho até as mãos dele – é aqui onde eu falo o que penso do mundo.
Josh folheou as páginas daquele caderninho surrado pelo tempo até encontrar algo que o fez parar e ler em voz alta.
“Eu sempre te procuro
Em algum lugar distante
Mas não te encontro
Onde está você, amante?
Nas noites sem estrelas
Eu preciso do teu afago
Te vejo entre areias
Em dunas me apago
Tua miragem encanta
O canto do meu deserto
Sozinhos para mim canta
Cantigas de amor eterno
Rendo-me aos teus feitiços
Tu preenches o meu leito
Assume os teus caprichos
Sustenta-me em teu peito.”
Ao terminar de ler isso parou por um instante e olhou no fundo daqueles lindos olhos conseguindo ver através deles a pessoa tão maravilhosa que se escondera a tanto tempo em uma biblioteca fria, tão fria quanto aquela noite.
Houve mais alguns abraços e mais alguns beijos, mais alguns papos e findaram o encontro.
Josh porém, alguns momentos depois de tudo aquilo se sentiu aflito. Afinal quem ele estava beijando, Janet ou Any? Não havia dúvidas de que as duas eram por demais parecidas fisicamente, mas por dentro mostravam suas individualidades. Por fim pôs a cabeça no lugar.
– O presente, Josh. Esqueça o passado.
Foi o que fez.
14 de out. de 2008
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4 comentários:
ah, e o poema é de minha autoria =)
-mto bom o poema =)
=@ eita essa Janet aí, devia morre =D
Cade a ação hein?
=)
Marcos Paulo escritor/poeta
um homem multi-utilidades
qq
comofas com essa Jenet?
o josh tem q fikar com a Hayley [1.985.362]
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